Trabalhamos com Sistema de Pressurização de Escadas, Exaustão de
Churrasqueiras, Exaustão de Lareiras, Dutos de chapa galvanizada, dutos de
aluminio, dutos de chapa preta, dutos de EPU, sistema de ar condicionado
para centros cirurgicos, centrais de alarme de incendio, ventilação e
Exaustão.
Tal como os demais grandes problemas nacionais - onde com certeza a
questão prevencionista está inserida - a questão da segurança e saúde no
trabalho encontra-se neste momento em uma das encruzilhadas do processo
histórico. Há necessidade de buscarmos novas formas de atuação, as quais
apenas serão validas se houver uma ampla e consciente discussão sobre o tema
com a participação ativa de todos aqueles que de fato conhecem o assunto.
Mais do que isso, para que este momento conduza a um futuro melhor é preciso
rever muito mais do que técnicas e normas as questões culturas relativas ao
assunto.
Por toda parte vemos o ressurgimento de velhos debates
revestidos com a roupa do novo. Lamentavelmente notamos que a grande maioria
deles passam distantes da verdadeira realidade e prestam-se na maioria das
vezes apenas reformulação do modelo vigente com tendências a flexibilização
das responsabilidades. Há como sempre houve o desconhecimento do obvio:
Apenas leis não bastam ! Culturalmente vivemos no país onde leis prestam-se
apenas a poucas situações e que as relações - na sua forma sólida e
respeitosa - precisam ser construídas passo a passo. Em todo o processo e ao
longo dos anos a presença do SESMT foi de grande valia para este enfoque,
trazendo para o debate entre as partes a luz do conhecimento técnico - que
nestes casos - é essencial a consecução dos objetivos - e de certa forma faz
frente aos descalabros com que se trata assunto de tamanha importância.
O primeiro passo para que esta discussão e busca tenham alguma validade
passa pela coragem de questionar quais são as reais causas do problema.
Obviamente para que encontremos algumas respostas válidas e que possa assim
ser base para planos de correção realistas é preciso que ocorra rápida e
grande evolução nos conceitos que muitos ainda adotam e difundem. Enquanto
nos mantivermos presos aos paradigmas com certeza nada irá ocorrer de novo e
capaz de alterar a realidade que conhecemos. Enquanto permitirmos que os
temas sejam tratados mais com o enfoque político do que técnico, com certeza
estaremos perpetuando o estado de coisas tão bem conhecido. Na minha forma
de ver, o primeiro passo a ser dado para modificar estado de coisas e a
mudança de postura dos profissionais do SESMT, que necessitam urgentemente
deixar de ser o especialista apenas dentro dos locais de trabalho e assumir
de vez por todas seu papel como interlocutor do assunto, como especialista e
conhecedor, trazendo a tona subsídios para uma tratativa mais realística dos
temas. Ao longo dos anos, temos sido omissos nesta forma de atuação, em
certos momentos parece que não há no pais um segmento tão grande com
capacidade e conhecimento para fazer chegar a comunidade em geral seus
preceitos e conhecimentos que com certeza são por demais úteis a vida de
cada um. Reside ai um grande erro. Talvez pela nossa omissão, outros se
sintam no direito de dizerem - e na forma equivocada - qual o molde adequado
para a questão prevencionista. Não se trata aqui - e todos sabem como sou
contrário ao corporativismo doentio - de gerar e defender nichos de
trabalho, antes, trata-se de assumir dentro do contexto social um espaço de
suma importância e muito mais do que isso, uma espaço necessário a ordem das
relações gerais. Nós somos os especialistas no assunto e como tal devemos
nos fazer representar. Ao contrário disso, ocorre talvez por nem mesmo
entendermos a dimensão daquilo que fazemos e podemos fazer, o verdadeiro
horror e descaso que passa por detrás da questão dos acidentes, ocorram eles
em qualquer lugar que seja.
A partir da ocupação do espaço dentro da
sociedade, cabe-nos também a busca - como especialistas e cidadãos - no
debate político da regulamentação das coisas de nossa área. Ao longo dos
anos, insistimos - talvez ate pelo volume de necessidades e urgência das
ações - em pautarmos nossos trabalhos limitados aos nossos segmentos.
Conheço inúmeros bons profissionais que trazem em si a qualidade de
experiências e conhecimentos que seriam por demais úteis se fossem
formalizados como referencias comuns. No entanto, pecam quando se ausentam
da macro discussão, deixando este fórum aberto para outros que nem sempre
trazem em si conhecimentos e vivência necessárias ao desenvolvimento de
referencias ao menos aplicáveis a realidade brasileira. Portanto, ou
começamos a adotar posturas de cidadania com relação ao que fazemos, ou de
vez por todas, abandonamos a prática das reclamações.
Como se pode
ver, apenas neste primeiro momento encontramos dois problemas relativos a
cultura que o próprio SESMT tem em relação ao assunto. Por mais distantes
que pareçam, são problemas como estes que inibem o crescimento da causa
prevencionista. Já passou longe a hora é a vez de assumirmos nosso lugar
dentro da sociedade como um todo.
Colecionando equívocos
Para
muitos de nossos colegas de área, atuar na Área de Prevenção de Acidentes é
pura e simplesmente aplicar as técnicas e normas ao local de trabalho. Tais
pessoas não conseguem ainda visualizar a riqueza de uma área técnica e suas
possibilidades. Muitas delas orgulham-se de viver em eterno conflito com as
demais áreas e talvez por isso sintam-se verdadeiros xerifes para a causa,
como se tivessem a capacidade ou mesmo a atribuição de serem os donos do
tema. Trabalham no varejo e passam a vida toda resmungando e atribuindo a
terceiros o insucesso de nossas atividades.
É preciso que entendam
qual é na verdade o real papel de uma especialista. Talvez a partir deste
momento de compreensão, passem nos primeiros dias por uma verdadeira crise
de identidade, sentindo-se talvez ainda menos importantes. No entanto, se
estiverem atentos, com o passar do tempo poderão vislumbrar que também para
nós há um lugar ao sol. Deve ficar claro, que mesmo a NR 4 - na sua
definição de quadro para o SESMT, demonstra que o número definido de
profissionais - em muitos casos na proporção de 1 Técnico para 500
empregados, inviabiliza este tipo de atuação. Portanto, devemos buscar
formas de atuação mais sistematizadas ou em português mais claro, mais
inteligente.
O rol de equívocos é muito grande. Há também aqueles que
sentem-se os arautos da lei, parecendo mesmo esquecer que as demais pessoas
são alfabetizadas e que sua utilidade está assegurada não por saber ler ou
informar, mas por saber transformar itens de lei em práticas de
gerenciamento, ao invés de mero arauto, cabe melhor ser interprete,
profissional capaz de transferir as letras da lei em situações e fatos
aplicáveis, traduzir necessidades em propostas, ser para o Executivo um
verdadeiro Assessor e não um lastimável fiscal. Ter condições de sentar numa
mesa de decisões e contribuir ali como o homem da prevenção, de igual para
igual com os demais especialistas.
Ao longo dos anos, a imagem do
Técnico de Segurança tornou-se tão distante do que ele deve e pode ser, que
de fato sua utilidade - nestes moldes - passa a ser questionável. Pagar
alguém para tomar conta se os outros usam ou não EPI - já paga-se aos
Supervisores. Pagar alguém para ficar distribuindo copias de leis e normas -
muitas empresas já assinam bons informativos. O diferencial certamente está
em alguém capaz de resolver problemas ou propor meios e estratégias para
tanto. Se você está for a deste foco, tenha certeza que contribui muito para
que a prevenção de acidentes não saia do lugar onde se encontra. Se quiser
entender melhor o assunto, por algum instante que seja, coloque-se no lugar
de quem paga seu salário.
Eis aqui um ponto que muito me preocupa.
Depois de todos estes anos atuando na área, passei a chamar de Cultura do
Não a postura que a grande maioria de empresas e seus chefes tem com relação
a questão de segurança e saúde. Parece algo impalpável, mas na verdade tenho
certeza que a grande maioria de nós já presenciou ou ao menos ouviu falar
sobre fatos desta natureza. A cultura do não manifesta-se e é comprovável
até mesmo nas ações oficiais. Basta prestar atenção.
Recentemente,
lendo um belíssimo livro que um Sindicato aqui da Grande São Paulo organizou
e vem publicando nos últimos anos, chamou-me a atenção quando em dado
capitulo apresentam uma serie de relatos sobre acidentes ocorridos. Como
Técnico, encontrei nestes acidentes uma série de informações interessantes,
no entanto o que mais chamou a atenção e que em quase todos os casos
descritos - todos tendo incapacidade permanentes ou mesmo morte como
conseqüência - a correção da causa se deu logo em seguida ao ocorrido, seja
através da instalação de um pequeno pedaço de chapa, de uma grade, enfim de
coisas absurdamente simples e com custo irrisório. Isso quer dizer, que se
houvesse de fato algum tipo de preocupação com as normas ou mesmo com a
vida, tais acidentes e suas conseqüências seriam plenamente evitáveis, sem
que para que isso houvesse necessidade de qualquer recurso maior. Porque
isso não ocorre : Pela cultura do não, pela forma absurda de não querer
fazer pura e simplesmente.
Observem com mais detalhes e verão isso em
muitos locais de trabalho. Notarão que ao longo dos anos, sabe-se lá porque,
muitas pessoas desenvolveram um alto grau de rejeição com a questão da
prevenção. Superficialmente talvez isso diga respeito a sensação de poder -
ou seja - eu mando ! e Se não fui eu quem mandou fazer, ninguém vai fazer
porque não quero. Ou numa forma variável - Na minha área mando eu ! Pode
parecer estranho, mas isso existe e a quantidade não é pequena.
Para
dar vida a este tipo de cultura, simultaneamente vemos dia após dia a
impunidade. Vivemos ainda encobertos pela mística do termo acidente - do
qual muitos se servem para encobrir verdadeiros homicídios. Precisamos
educar nossas autoridades - e também sobre isso que falamos lá no inicio
deste texto - fazer ver que acidente é algo imprevisível, que surge de uma
conjuntura de fatos e ações que não foi possível precisar e ao mesmo tempo,
que deixar uma engrenagem sem proteção nada tem haver com acidente, tudo tem
haver com omissão seja em relação as leis - claras para este tema - seja em
relação ao respeito a vida - assunto ainda meio obscuro em nossos dias.
Em certo ponto do processo das relações sociais, a questão da segurança
e saúde se confunde com todas as demais questões que dizem respeito a
preservação da vida humana. Enquanto existir possibilidade de justificar o
injustificável - mesmo que diante da mais evidente prática da cultura do não
- caminharemos assim, vendo que o trabalho matar, não naquilo que tem de
sofisticado e por isso merece mais estudos e interpretações - mas nos
rudimentos do conhecido, nos rudimentos do normalizado que jamais se cumpre
pela certeza de que ocorra o que ocorrer - a impunidade falará mais alto.
E diante desta cultura que devemos fazer frente. São estes os fatos que
nos levam a crer que apenas a atuação rotineira da prevenção jamais será
capaz de mudar a situação atual. Precisamos interpretar todo o contexto
histórico do assunto e se desejamos mudanças verdadeiras, atuar em todas as
frentes - seja como profissional seja como cidadão - ou na condição ideal de
profissional-cidadão.
Acima de tudo, precisamos romper com nossa
participação dentro da cultura do não, deixando de dizer não a prevenção
como todo e enfiando a cara no buraco como avestruz que acha fazer o
bastante mas limita-se apenas a fazer o mínimo, olhando e tendo consciência
de que quando um trabalhador morre, morre também ali um cidadão.
Enfim, ou despertamos para o todo do assunto, ou continuamos apenas sendo os
arautos das leis que outros fazem e os fiscais daqueles que poucos cumprem.